domingo, 30 de julho de 2017

Perdoa(-te)!




Perdoa-o por não ter estado presente.
Perdoa-a por ter sido negligente.
Perdoa-o por ter agido de forma inconsciente.
Perdoa-a por não ter dito coisas diferentes.

Perdoa-os pela maldade, pois não sabiam o que faziam
Perdoa-as pela exclusão e por tudo que não te permitiram
Perdoa-os por se terem afastado sem explicações
Perdoa-as por terem crescido sem hesitações

Perdoa-o por não sentir o mesmo que tu
Perdoa-a pelas falhas e perdoa-a por tudo

Por favor, perdoa-os porque o SEU perdão é o TEU perdão
Acima de tudo perdoa-Te porque o Teu perdão é para o Teu coração
Perdoa-te por esperares dos outros o que não te podem dar
Perdoa-te por exigires de ti o que não podes aguentar

Perdoa-te sem reservas e sem demora
Perdoa-te por sentires vergonha de não perdoares
Perdoa-te porque a mágoa tem de ir embora
Perdoa-te, pois tens que perdoar para te doares

Perdoa a todos que não te entendem
Eles só conseguem o que conseguem
Perdoa a todos que não te apoiam
Eles incentivam-te a descobrires a tua força
Perdoa-os porque eles são TU e perdoa-te por esqueceres disso.
Perdoa-te porque é com o Amor que deves ter compromisso.
Perdoa-os, perdoa-me, perdoa-te!
Perdoa-os porque precisam
Perdoa-me por te pedires que perdoes
Perdoa-te por nem sempre perdoar.

O perdão vai te libertar-te e curar.


(LP Akshar Almeida)

youtube.com/c/anandakshar
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quarta-feira, 31 de maio de 2017

A Bela e Árdua Arte de Deixar Ir

Estamos cansados de ouvir que a única constante é a mudança. Não importa onde estamos, ou em que época estamos, algo se mantém imutável: o facto de as coisas estarem sempre em mudança.
Independentemente das crenças ou do grau de informação e formação de cada um, todos conseguimos ver que as coisas estão sempre a mudar. É só olharmos para o dia que se transforma em noite, que por sua vez, se transforma em dia e assim sucessivamente.
Ainda assim, face à óbvia realidade da impermanência, teimamos em querer que algumas coisas sejam para sempre. Isto deve-se à nossa mente dualista que desde sempre tem sido programada a desejar umas coisas e a ter aversão a outras. Somos treinados a dividir tudo que existe em duas categorias – bem e mal – e é exactamente essa a fonte do nosso apego e sofrimento.
Se tomarmos como exemplo o dia e a noite e se supusermos que metade das pessoas desejasse sempre que o dia durasse para sempre e a outra metade desejasse que a noite nunca terminasse, em primeiro lugar acharíamos isso absurdo e em segundo lugar viríamos que ou metade das pessoas estaria em sofrimento constante se o pedido de uns fosse aceito ou que todas as pessoas sofreriam metade do tempo, visto que a vida tem as suas próprias leis e não segue as preferências de ninguém.
Este segundo caso é o mais aproximado à nossa realidade quotidiana. A maior parte das pessoas sofre durante a metade do tempo porque a vida continua a trazê-las coisas que não são a sua preferência e continua a retirar-lhes coisas que elas queriam que permanecessem para sempre.
O exemplo do dia e da noite é extremamente básico, porém elucidativo. Se achas que faz sentido, mas que não se aplica a ti, só precisas pensar nos relacionamentos que insistes em manter na tua vida, mesmo os que já não te fazem bem, nem contribuem para o teu bem-estar ou crescimento pessoal. Esses relacionamentos podem ter sido de grande importância para ti durante muito tempo e por isso estás eternamente grato a essas pessoas. Isso é perfeitamente justo e lógico, mas olha para eles de novo; alguns deles já perderam a sua essência e propósito originais. Alguns deles até mesmo já se tornaram tóxicos e nocivos à tua paz de espírito e bem-estar interior.
Sim, é natural que haja tristeza no momento de mudança. Sim, é natural que tenhas pena que as coisas já não sejam como um dia foram. Sim, é natural que desejes que as coisas sejam diferentes. Contudo, não é assim que a vida é. Há algumas leis pelas quais o universo se rege e uma delas é a da impermanência. Todas as coisas passam.
Mas espera aí! Não precisas ficar desencorajado(a). Isso não tem de ser uma coisa má. Tudo depende da maneira como tu encaras as coisas. Imagina se tivesses uma dor de cabeça que nunca mais passasse? Imagina que estivesses numa situação desagradável para sempre? Exactamente! O problema não é a impermanência ou a mudança. O problema é o desejo da mente, até certo ponto natural, mas absurdo, de que algumas coisas durem para sempre e algumas não.
O problema está no facto de querermos mudar as leis da vida e acabarmos sempre frustrados e em sofrimentos ainda maiores. Portanto, olha mais uma vez para a tua vida, para as tuas relações, para as situações e vais te aperceber ou recordar que as coisas estão sempre em mudança; que não adianta tentar mudar a realidade, não adianta nadar contra a corrente, mas adianta sim mudar a forma como encaramos a impermanência, isto é, com aceitação, com paz, com graciosidade.
Os místicos dizem que a própria vida é uma grande preparação para a morte. A arte de viver é, em outras palavras, a arte de aprender a morrer. Por mais sombrio que isto possa soar, esta é na verdade uma das coisas mais belas que podemos imaginar. Se tivermos a humildade suficiente, veremos que as nossas vidas não estão inteiramente nas nossas mãos, parte dela é e sempre será um mistério e fora do nosso controle. Se vivermos a nossa vida com totalidade, consciência, aceitação e com a arte de deixar ir, quando o momento da nossa morte chegar, certamente vamos ser capazes de deixar a própria vida ir-se e nos dirigirmos ao novo mistério, que é a morte, com elegância e paz.
O facto de aceitarmos que as coisas devem e vão sempre mudar só beneficia a nós próprios. É um passo difícil no início e até mesmo durante todo o processo de aprendizado ao longo da nossa jornada, mas vale sempre a pena. A arte de deixar ir, como qualquer outra arte, deve ser cultivada, praticada e aperfeiçoada a cada dia. Como qualquer arte, requer muita entrega e dedicação, mas como qualquer arte é algo bonito de se experimentar e observar quando está no ponto certo.
Por isso, vive cada momento com intensidade, com todo o teu ser e quando chegar a altura, deixa ir. Chora se necessário, sorri se possível. Agradece pelo que foi bom e pelas lições que as coisas menos boas trouxeram. Em todo o caso, sê sempre um(a) artista e refina a cada dia a bela e, por vezes, árdua Arte de Deixar Ir.

LP Akshar Almeida
youtube.com/c/anandakshar

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Por que magoamos até quem mais amamos?

Como seres sociais, nós temos a necessidade de conviver com os outros. Uns mais e outros menos. No entanto, todos – absolutamente todos –  temos uma necessidade intrínseca de ligação – seja com o universo, com os outros seres ou simplesmente com o nosso interior.

Não só gostamos, como também PRECISAMOS de ser ouvidos, entendidos e amados. De modo a existir um equilíbrio, a vida garantiu que essa necessidade existisse nas duas direcções, isto é, precisamos igualmente de escutar os outros, entendê-los e mais fundamentalmente: AMÁ-LOS.

Se todos queremos amar e ser amados, ouvir e ser ouvidos, por que então há tanto desentendimento e conflitos entre as pessoas, especialmente entre as pessoas mais próximas e que mais se amam? Por que magoamos os que mais queremos bem e o mesmo nos é feito por eles?

A explicação que eu encontro não tem a ver com o facto de sermos más pessoas, mas sim com a necessidade intrínseca que temos de partilhar quem nós somos e o facto de o fazermos de forma inconsciente. De acordo com a lei da vida, só podemos partilhar aquilo que nós somos ou temos. Se consegues perceber que só podes partilhar um objecto se o tiveres, deves compreender que o mesmo se aplica aos sentimentos.

Em outras palavras, quando nos sentimos mal, temos a NECESSIDADE de expressar isso de alguma forma e de sermos percebidos, não apenas teoricamente, mas a um nível mais profundo. Isso leva-nos muitas vezes a fazer INCONSCIENTEMENTE com que o próximo se sinta mal, para que ele possa também “partilhar” daquilo que eu sinto.



Isso acontece ainda mais especialmente quando assumimos que o outro é o “causador” desse mal-estar em nós. Não por um sentido malicioso de vingança, mas sim por um sentido deturpado de justiça, queremos – muitas vezes inconscientemente – que a pessoa sinta o que nós sentimos. Isto é comum em situações em que nos sentimos injustiçados, revoltados, tristes, magoados, manipulados, etc.

Por exemplo, senti-me triste porque alguém que eu amo tratou-me mal e mesmo sem querer admitir, quero que a pessoa se sinta no mínimo triste como eu, para que possa “aprender a lição” e não repetir aquilo que eu percebo como erro. Infelizmente, inconsciência só gera mais inconsciência, e conflitos mais conflitos, o que cria um ciclo vicioso de negatividade que, por sua vez, contribui ainda mais para o desentendimento e mal-estar. Ao querermos “ensinar uma lição” à pessoa, acabamos criando nela o mesmo sentimento de mágoa e injustiça que ela vai querer “partilhar” connosco na primeira oportunidade que surgir.

Portanto, cabe a MIM assumir a responsabilidade pela forma como me sinto. Se alguma coisa ou pessoa me fez sentir mal, na verdade ela foi apenas um PRETEXTO para que a minha ferida interna fosse acordada. Parece absurdo agradecer alguém por aparentemente nos prejudicar, mas a vida escolheu aquela pessoa ou circunstância para nos ajudar a reconhecer os pontos escuros da nossa alma e trazê-los à luz. Daí que é melhor reagir à situação com gratidão ao invés de retaliação.

Sim, é algo doloroso muitas vezes. Sim, é natural que a nossa primeira tendência seja procurarmos um culpado pelo nosso mal-estar – e acredita, há sempre alguém ou alguma coisa que pode ser usado pela mente como o culpado – mas o mais IMPORTANTE é reconheceres que o que está dentro de ti NÃO te é dado ou tirado pelos outros e que o ÚNICO responsável pela maneira como respondes às situações e às pessoas na tua vida ÉS TU mesmo(a).

Atenção, esta é uma óptima notícia, pois apesar de parecer assustador e até inacreditável no começo, quando aprenderes a assumir total responsabilidade pela maneira como te sentes, vais gozar de uma liberdade jamais conhecida. Assim, poderás quase sempre escolher CONSCIENTEMENTE como responder a situações e pessoas pouco favoráveis da forma mais benéfica possível e acima de tudo, por mais difícil que possa soar, podes escolher sempre a felicidade e a harmonia.

Um outro segredo para contornarmos e transformarmos o mal-estar causado por alguém que amamos, é ganharmos coragem de dizermos exactamente aquilo que as acções ou palavras da pessoa nos fizeram sentir, sem no entanto, acusarmos o outro de seja o que for.

Dizemos COMO nos sentimos e não DE QUE a outra pessoa é supostamente culpada. Desta forma, há mais chances da outra pessoa não ficar na defensiva e com sorte reconhecer o que causou (muitas vezes sem querer) em nós e com ainda mais sorte, mudar o comportamento voluntariamente.


Isso fará com que as relações que realmente importam nas nossas vidas melhorem em termos de qualidade e sempre que isso não for possível, podemos procurar outras relações que nos ajudem a crescer e a amar. 

Por: LP Akshar Almeida