Desmistificando o Tantra
Se eu tentasse descrever o
Tantra, começaria por dizer que é algo que não cabe numa descrição ou
definição. O Tantra é o que está antes e depois das palavras: as vivências em
si, ou melhor, a vida em si. No meu ponto de vista Tantra não é um sistema nem um
modo de ideias e pensamentos, mas sim um modo de viver. Não é teoria, mas sim
prática.
O Tantra existe há milénios e
está a ganhar novamente mais espaço e aceitação pelas pessoas como caminho e
abordagem. As práticas actuais de Tantra são conhecidas por alguns como
neo-tantra.
As pessoas associam o Tantra ao
sexo com frequência, porque o Tantra é uma das únicas abordagens espirituais
que encaram a vida com naturalidade e tudo que dela faz parte. O sexo não é,
portanto, uma excepção, visto especialmente que é o que dá origem à vida. No
Tantra não há divisão entre o sagrado e o profano.
O corpo é tão sagrado quanto o
espírito e a escuridão tão necessária quanto a luz. É nas aparentes dualidades
que se encontra a unicidade, o uno, o indivisível. Por esse motivo, o Tantra
não é per se pró-sexo, da mesma
maneira que não é contra o sexo. É simplesmente afirmador da vida em toda a sua
inteireza.
O Tantra baseia-se na
consciência, aceitação e no amor. E que não se confunda consciência com
moralidade, aceitação com resignação e nem amor como romance. Aqui fala-se de
consciência pura e plena, aceitação da realidade como ela é e não como
gostaríamos que fosse e amor como energia e qualidade superior que cura e nutre
tudo e todos.
No meu ponto de vista, tudo que é
feito com esses três preceitos é tântrico. Mais do que “o quê?”, a pergunta
seria “como”. Não é a acção em si que é certa ou errada, mas sim a forma como
ela é feita que faz toda a diferença. Portanto, o acto sexual pode ser
tântrico, mas também pode ser tântrico o acto de limpar a casa ou realizar qualquer
outra tarefa.
Porque então viver com
consciência, aceitação e amor? A consciência permite-nos viver intencionalmente
e responder às situações da vida com inteligência à medida que elas vão se
apresentando. A aceitação verdadeira e positiva da vida não é o mesmo que
resignar-se em impotência, mas sim entrar voluntariamente em uníssono com o
fluxo da vida e o amor é, em última instância, tudo o que buscamos sob diversas
formas.
A partir daí vemos que o Tantra
não é uma mera ferramenta para proporcionar melhor desempenho sexual, mas sim a
arte de transformar qualquer acto em algo sagrado e de nos curar e nos tornar
íntegros, tendo em vista que só através do amor e da aceitação podemos acolher
as partes de nós que julgamos, rejeitamos ou condenamos.
Aprendemos na sociedade que
partes de nós são menos dignas, vergonhosas ou problemáticas, quando na verdade
nós somos a combinação de todos os elementos que nos compõem. Com o Tantra
temos a chance de reintegramos o que está disperso e ferido em nós; a chance de
sermos nós mesmos e nos amarmos por isso.
L.P. Akshar Almeida
Youtube: Anand Akshar
Instagram: @akshar_tantra