quinta-feira, 14 de julho de 2016

Racismo como Doença Espiritual

Olha para ti! Sim, para qualquer parte do teu corpo. Se tu achas que pela cor da tua pele, és melhor ou pior que alguém, então sofres da doença mais comum e mortífera da humanidade: a Doença do Ego. Não importa em qual dos extremos estás, a doença é igualmente avassaladora e destrutiva independentemente da tonalidade da tua pele.

Com a expansão e globalização dos meios de comunicação através das redes sociais, nunca ficou tão óbvio e assustador o quão racistas e intolerantes todos nós somos. Racismo de branco contra negro, de negro contra branco, branco contra branco, negro contra negro, árabe contra indiano, asiático contra negro, e acho que já dá para perceber onde eu quero chegar.

Sim, a história da humanidade mostra que alguns grupos étnicos foram - e continuam a ser - mais discriminados que outros, ou por outra, sofrem piores consequências através da discriminação racial do que outros. Sim, é preciso aprendermos a orgulhar-nos daquilo que somos e às vezes a defender os nossos interesses quando necessário. Contudo, o facto de eu ter que “diminuir” o outro para sentir o meu valor, é sinal de um profundo complexo de inferioridade em mim.

Se para que um indivíduo branco se sinta bem, precisa que as outras raças tenham menos valor, menos mérito ou menos registos de sucesso na história, eis a evidência do quão pequeno ele se sente. Se para que um indivíduo da raça negra se sinta bem, precisa que as outras raças (especialmente os brancos por causa da história opressiva) tenham menos valor, mérito ou menos registos de sucesso na histótia, eis a evidência que ele sofre da mesma doença. O mesmo para os indivíduos de qualquer outra raça não mencionada.

Antes de me expressar na qualidade de negro, algo que acho belo mas em nenhum caso melhor ou pior que os outros, expresso-me como ser humano. É com tremenda tristeza que assisto ao braço-de-ferro racial constante entre as pessoas - pessoas - tais como eu e tu - que enchem os peitos (e os dedos) para vomitar virtudes que supostamente pertencem mais à sua raça do que às outras.

Abre um pouco mais a tua mente. Sai um pouco da tua zona de conforto, onde só consegues ver aquilo que te foi imbutido na mente da mesma forma que se enche uma lata de lixo. (desculpa, mas é mesmo assim que funciona). Aprende a olhar para a vida com olhos frescos e a filtrar tudo aquilo que não beneficia a humanidade no geral. Na essência, os nossos valores essenciais estão relacionados ao carácter de cada um e não à sua aparência física ou pertença racial.

A história mostra indivíduos que fizeram acções boas e más em todas as raças e em circunstâncias algumas vezes parecidas, outras diferentes. Se tu realmente acreditas que alguém é necessariamente melhor por ser da tua raça, olha para os teus parentes, amigos e conhecidos da tua raça e pergunta-te: serão todos iguais e, por isso, melhores com os outros? Será que conheço todos ou a maioria dos indivíduos da minha raça ou estou limitado a uma amostra pequena com base na minha experiência pessoal de vida? Se realmente acreditas que alguém é necessariamente pior por ser da raça X, Y ou Z, pergunta-te: conheço todos ou pelo menos a maioria dos indivíduos daquela raça ou estou limitado à minha experiência pesssoal de vida?

Qualquer pessoa com o mínimo de humildade e sinceridade vai se aperceber - se ainda não se tinha apercebido - que a sua visão do mundo não é absoluta e é limitada pelas suas vivências pessoais. Mesmo aquilo que tu pensas que sabes que não é apenas pessoal, mas sim colectivo, faz parte daquilo que TU viste, ouviste, aprendeste ou viveste. Portanto, não é algo que abrange a toda a experiência da tua raça em todos os períodos e muito menos da humanidade no geral.

A questão aqui não é qual raça é melhor que a outra ou quem é mais racista que os outros. A questão é que sofremos de um complexo de inferioridade profundo e muitas vezes dissimulado e inconsciente que nos obriga a comparar-nos uns com os outros para que nos possamos sentir melhor connosco. O melhor a fazer quando se descobre uma doença é procurar tratamento e não apontar a doença dos outros e esperar que a nossa doença seja milagrosamente tratada com essa atitude.

Somos todos tão intolerantes! Se não somos intolerantes perante as caraterísticas físicas e mentais dos outros, somos intolerantes perante a intolerância dos outros a essas características. Consegues ver? Não faz sentido dizer que a intolerância X é melhor que a intolerância Y. Intolerância é intolerância. Reconhecendo e admitindo esse facto, podemos fazer algo em relação a ele.

Olha de novo para ti e vê a beleza, unicidade e o milagre da tua existência. Nunca existiu ninguém exactamente como tu e nunca existirá ninguém exactamente como tu. Tu já és especial! Não precisas provar que és melhor que os outros, mas também não há razão alguma para te sentires inferior a ninguém. Sei que já te sentes superior às vezes e inferior às vezes por um motivo ou por outro, mas lembra-te: não estás sozinho nessa doença espiritual e o tratamento está disponível a cada um de nós e chama-se CONSCIÊNCIA.

Ganhando consciência de quem tu és, do incrível  milagre que tu és, não terás mais a necessidade de te comparares a quem quer que seja e reconhecerás o incrível milagre que os outros são. Assim poderás reverter a energia que desperdiças nos outros e canalizá-la de modo a criar uma melhor vida para ti e para todos. Agora é a hora de acordarmos, somos todos partes do mesmo oceano e quando manchamos uma parte do oceano com intolerância e sangue, manchamos o oceano inteiro. Desperta e lembra-te que a mudança começa contigo!


Por: L.P. Almeida (Anand Akshar)

7 comentários:

  1. Muito bom texto, muito forte. Um puxão de orelhas e uma chamada para o despertar da conciência, e ao mesmo tempo uma solução, que é o caminho que não é facil, é uma batalha a todo momento.o ego é tao sutil, tao separador, dual.
    Muito obrigado,grande ensinamento, as vezes agimos assim,digo de forma racista, inconscientemente, nos achamos melhores ou piores,e enquanto é pura encenação do ego, para dividir.
    É um tema muito abrangente este tema, é a doença da nação.

    ResponderEliminar
  2. Gostei da abordagem e é impressionante como o racismo é pertinente.
    O racismo entre todos e de várias formas.
    Vamos fazer a diferença que ser diferente pode ajudar de alguma forma a combater o veneno do racismo

    ResponderEliminar
  3. Gostei da abordagem e é impressionante como o racismo é pertinente.
    O racismo entre todos e de várias formas.
    Vamos fazer a diferença que ser diferente pode ajudar de alguma forma a combater o veneno do racismo

    ResponderEliminar
  4. A D O R E I! Parabéns Akshar por teres uma mente e uma alma tão belos e por perceberes a verdadeira essência da Humanidade: Somos Todos Um!

    Alma Indika

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O B R I G A D O!

      Espero que muitos de nós cheguem a essa conclusão em pouco tempo. :)

      Eliminar